quinta-feira, 28 de julho de 2011

Tolices

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Mesmo relutante, ela entrou. O lugar lembrava um cenário de filme, com um toque de fantástico que só foi reforçado pelo homem que estava ali parado, olhando para ela de uma maneira cordial.
“Como presente de boas vindas, você irá ganhar um chocolate” – ele começou a explicar, como se não fosse a primeira vez que dizia aquelas palavras – “que está em um dos cômodos. Se você souber procurar, irá encontrar um chocolate com nozes e avelãs que é muito bom, mas não tão fácil de ser encontrado. Se tiver pressa, porém, poderá provar um chocolate qualquer. Como eu disse, irá ganhar um chocolate, apenas um, então seja cautelosa na hora de escolher.
Ela pensou no chocolate com nozes... Nozes a lembravam da infância junto dos irmãos, quando eles disputavam um espaço nas falhas da cerca para pegar algumas nozes caídas no chão da árvore do vizinho. Em sua adolescência, bombons de avelãs eram os presentes que seu pai trazia, depois de meses de viagens, nos poucos dias que passava com ela... Era isso. Ela decidira ir até o fim.
Ao entrar no corredor, viu uma infinidade de portas... Quantos doces ela veria antes de encontrar o que ela queria? Ela conseguiria reconhecer quando o encontrasse? Quando entrou na primeira porta, encontrou um embrulho simples em cima de uma mesa, que ela logo reconheceu como chocolate barato e de má qualidade. Na segunda, o embrulho era maior, e o doce parecia um pouco melhor, mas ainda não era o que ela queria. E assim ela continuou, até que todos pareciam iguais... Cansada de tentar, ela entrou em uma das portas, sentou na pequena poltrona perto da janela e abriu o embrulho, levando o doce até próximo de sua boca. Quando ia dar a primeira mordida, uma voz sussurrou em seu ouvido “espera”... Ela lembrou das nozes, da infância, e desistiu. Resolveu continuar a procura... A cena se repetiu por mais algumas vezes, mas ela sabia que havia algo melhor à sua espera.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Desabafo

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Após terminar de ler um livro de Rubem Alves, o menino resolveu soltar seu pássaro. O canário tinha sido seu por muito tempo, e mais que o cantor da casa, ele era seu amigo e confidente, mesmo sendo apenas uma ave. Ao abrir a gaiola, demorou um tempo até o canário perceber que seu dono não iria apenas colocar água ou comida, mas que ele poderia sair. O pássaro pulou no ombro do menino, e cantou. Não era um canto como todos os outros – a melodia era suave e alegre, bonita como ele nunca havia ouvido. Após terminar seu canto, o canário voou pela sala, lentamente, se acostumando a usar as asas que antes não eram usadas. O menino sabia que por todo o tempo que conviveram, o canário voltaria, mas, ao vê-lo voando, o medo de perder o invadiu, e ele fechou a janela, sem perceber que isso só aumentaria o desejo de fuga. Com a janela aberta, a ave voltaria, após alguns dias de liberdade, cantaria aquela bela canção mais uma vez e tornaria a sair, verdadeiramente feliz. Com o ato do menino, seu desejo de voltar diminuía, sufocado pelo desejo de voar ...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Amelie

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Amélie : Vous savez, la fille au verre d'eau, si elle a l'air un peu à côté, c'est p'têt parce qu'elle est en train de penser à quelqu'un.
Dufayel : A quelqu'un du tableau ?
Amélie : Non, plutôt à un garçon qu'elle a croisé ailleurs. Mais elle a l'impression qu'ils sont un peu pareils, elle et lui.
Dufayel : Ah, autrement dit, elle préfère s'imaginer une relation avec quelqu'un d'absent, que de créer des liens avec ceux qui sont présents ?
Amélie : Non... P'têt même qu'au contraire elle se met en quatre pour arranger les cafouillages de la vie des autres.
Dufayel : Mais elle, les cafouillages de la sienne de vie, qui va s'en occuper ?

*

C'est l'angoisse du temps qui passe qui nous fait tant parler du temps qu'il fait.
 

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