segunda-feira, 26 de julho de 2010

Fragmento

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- Talvez...

Ela sorriu. Sonhar com uma possibilidade é melhor que a áspera certeza do não... "Talvez".

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Noite

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O primeiro pensamento involuntário foi relacionado à segurança, pois ela sabia da onda de assaltos no bairro. O horário e o vazio das ruas eram fortes argumentos contra sua vontade – mas ela sabia que não resistiria, iria andar. Ela não queria confessar, mas fora seduzida (não como as paixões ardentes, que destroem a razão em poucos instantes, escravizam e passam, mas como o frio, que chega aos poucos e se demora). Fora seduzida pela noite, e não se sentiria bem longe da brisa que brincava no seu rosto, ou dos olhos sempre vigilantes das estrelas.
Para esquecer do medo, decidiu ligar uma música em seu fone de ouvido. Sem muito escolher, ligou uma música de seu cantor francês favorito, e começou a murmurar a letra, que já sabia de cor. Se a noite a seduzia, a sensação de ouvir aquelas palavras doces ao seu ouvido, acompanhadas de um violão ajudava a aumentar o encanto.
Ao se perceber sozinha, foi se sentindo mais a vontade, até começar a cantar como se falasse com alguém. Ao soltar a voz, seguiram-se os primeiros movimentos com braços e pernas, até que estava dançando, como se ninguém pudesse ver. Ela não sabia expressar seus sentimentos, até ouvir uma comparação na música – comme une hirondelle. Ela se sentia como uma andorinha – para ela, a verdadeira liberdade não estava em chegar onde quisesse, mas sim, em andar.
Sem perceber, deixou seus movimentos desengonçados revelarem seu segredo. Se alguém passasse naquele momento veria uma mulher bem vestida dançando, com pequenas asas se revelando, apesar da tentativa de escondê-las com uma jaqueta jeans. Quando chegasse em casa e o dia nascesse, voltaria a esconder seu segredo e seguiria com sua rotina - mas, sob a luz da lua, não tinha o que esconder. A noite era sua.
 

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